segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Talvez eu seja feminista, ou não. Apenas divago sobre...

Eu sempre achei essa história de feminismo meio 'paia', ou pelo menos achei que achava isso. Mas hoje vi uma ilustração que me chamou atenção sobre a minha vida, ao longo dos anos sempre me achei fora da casinha em certos aspectos. 

Ouvi muitas expressões ao longo da minha vida que me traziam certa 'revolta', e confesso que ainda ouço muitas do tipo hoje em dia. Sempre achei injusto o fato de eu ser a filha mulher e ter que arcar com as responsabilidades domésticas tipo: lavar a louça, limpar a casa, etc, enquanto meu irmão, filho homem não precisava. Sempre achei injusto o fato de mandarem eu me portar como mocinha, afinal meninas não podem ser exageradas no gesticular nem em seu tom de voz, sempre achei um saco ter que gostar de rosa e falar sobre maquiagens. Sempre achei um saco que as pessoas impusessem sobre mim gostos peculiares de meninas, e daí se eu não gosto de salto alto?? Mas as piores coisas que eu ouvi durante toda a minha vida foram coisas do tipo: 'Ela só anda com macho porque tem fogo na periquita'. Ou aquela velha e famosa: 'Segura sua cabrita que meu bode tá solto'. Por que eu não podia ficar até tarde na rua por ser menina, mas meu irmão sim por ser menino? 

Por que ter que aguentar calada quadoum menino me maltratava e as pessoas diziam: 'Ele faz isso porque gosta de você' , desculpa meninas, mas se um menino te maltrata não é porque gosta de você, isso só vai te fazer acreditar que você é menor que ele e te fazer entrar em relacionamentos que não vão te fazer bem. Quando alguém gosta de outra pessoa, ele faz ela se sentir bem, e não o contrário disso. Eu não vejo o feminismo como um movimento anticristão ou antifeminino, eu vejo o feminismo hoje como uma luta de mulheres querendo ser respeitadas pelo fato de serem pessoas que merecem respeito. Não, eu não sou a favor de tudo o que elas brigam, como por exemplo o aborto. Mas eu sou sim a favor do respeito. Eu sou mãe e solteira e isso me faz ter que trabalhar para sustentar o meu filho, sim o pai dele me ajuda, mas ainda assim a maior parte e a maior responsabilidade fica para mim, afinal é comigo que ele mora. Mas e ai, por eu ser mulher e ser mãe existe muito 'desrespeito' no setor empregatício, existe sim um menosprezo e uma desigualdade. 

Se eu quiser me relacionar com alguém, tenho que aceitar qualquer coisa, afinal o cara vai estar fazendo um favor, afinal eu já sou mãe. Há ainda aqueles que dizem que eu não sou mulher para casar, afinal engravidei de um cara que eu mal conhecia, e na primeira e única vez que ficamos juntos. Essa semana me disseram que eu não posso ter uma vida social, ou sequer cogitar sair e deixar meu filho em casa, afinal eu sou mulher  e mãe, corro o risco de engravidar. OI?!?!  

E ainda lido com amigos dizendo: Fulana de tal é gostosinha, mas não serve para namorar não. Só para sexo mesmo. Na boa, que nojo disso, e sabe porque a fulaninha não serve para namorar, porque ela não está nos padrões estipulados pela sociedade. E as mulheres que foram traídas por seus parceiros e passam a dizer que não confiam nas mulheres porque nenhuma presta. Ei querida pera lá quem te traiu foi seu marido, e ele é homem, talvez o caráter falho ai seja o dele, não acha?

Na boa, não estou dizendo que engravidar nas condições que eu engravidei esteja certo, mas também isso não me faz pior do que ninguém para acreditar que alguém se relacionar comigo é 'por favor', E também não estou dizendo que as mulheres devem se revoltar contra seus maridos, para sairem de um padrão machista. Casamento não é um padrão machista, e acredito que o maior ato feminista é a mulher ter a liberdade de escolha, se quiser ser dona de casa que seja, mas sem precisar de um relacionamento opressor, mas viver uma relação de amor e respeito. Se a mulher quer ser uma solteirona e focar na carreira profissional, que seja, mas sem se sentir menor por não ter filhos ou por não ter um marido. Isso para mim é o feminismo genuino, aquele que dá a mulher a liberdade de escolher ser e estar onde ela quiser. Sem obrigar uma menina de 5 anos a se comportar feito uma mocinha, afinal ela é uma criança. Sem oprimir ou julgar uma mulher pelo o que ela veste, ou porque ela fala alto. Acreditar que mulheres merecem respeito, lutar contra as opressões e expressões machistas, tais quais 'ela mereceu ser estuprada', não me farão menos feminina, ou negar a minha fé em Jesus, ou não me fazem uma mulher mal amada, ou sequer deveriam afirmar que não gosto de homem. Gosto e sou mãe de um. Isso só me faz ir contra um sistema opressor, que me diz que eu sou menos, pelo meu gênero, pelo tom da minha pele, pelo meu credo, ou pela minha condição social. E na boa ninguém é menor do que ninguém por nenhuma dessas condições. 

Vamos nos respeitar por sermos pessoas de uma raça só, de um gênero só, de um lado só, todos do lado humano, e assim o mundo caminhará a passos largos para a harmonia. (Essa frase ficou muito slogan politico).

Mas só para concluir o raciocinio, talvez eu seja mesmo no fundo militante feminista, ou talvez não. Só acho um absurdo mesmo, em tempos atuais estarmos vivendo todo esse retrocesso de pensamento, onde gritamos dentro de uma situação de abuso, em que a vitima se manifesta, que ela merece mesmo ser estuprada, sim isso me assusta e me faz temer a vivência que meu filho terá quando começar a caminhar com as próprias pernas.

Para encerrar: 
Paz e bem a todos...


Um comentário:

  1. Lindo Texto, curto sua maneira de pensa e agir, gostaria que suas publicações fossem mais frequentes. Sobre o Texto: Eu como Homem, acho muito louco quando alguém fala para mim. “ A você ajudar cuidar do seu Filho" eu Fico pensando: como assim eu Ajudo? Eu cuido dele, ele e meu Filho, e meu deve como Pai cuidar, proteger, educa-lo, inclusive realizando trabalhos Domésticos pois fui criado assim.... E eu sei que o texto e longo e você aborda tantos outros pontos legais, que merecem um comentário, porem por enquanto vou ficando por aqui... e fico no aguardo de outros Texto legais como esse... Parabéns!!.

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