Muito se escuta e se lê nos dias
atuais sobre as questões relacionadas à maternidade, seja ao período
gestacional, de amamentação ou até mesmo sobre as questões relacionadas às
mudanças no corpo da mulher, e é justamente sobre esse último que iremos falar. Não queremos aqui mostrar a mãe,
mas sim à mulher que existiu e deve continuar existindo após a vinda dos
filhos. Entrevistamos algumas mulheres sobre essa dificuldade da mulher se
sentir mulher após a maternidade, e vi que não é um fato isolado. Foi unânime a
resposta das mulheres no que diz respeito a terem certo tipo de dificuldade em
aceitar sua sexualidade após a vinda dos filhos, e esses motivos vão desde as
mudanças corporais, se sentirem envergonhadas por algumas marcas até as
questões de sentirem apenas mães e acharem que o fato de se sentir mulher seria
algo errado ante ao sagrado ser materno.
Algumas das mulheres
entrevistadas sentiram uma certa pressão de seus parceiros, mesmo que de maneira
sutil, e isso fez com que elas cedessem porém não se sentiam confortáveis e
prontas para isso. Muitas se sentiram pressionadas por si mesmas, afinal, ainda
existe o pensamento machista ‘se homem
não tiver em casa, ele vai procurar na rua.’ Existe sim um período para que
a mulher se sinta a vontade para voltar a vida sexual normal, não só pelas
mudanças corporais, mas também pelas mudanças emocionais que acontecem , e isso
deve ser respeitado, e considerando a individualidade de cada pessoa, cada
mulher tem seu tempo. Umas se sentem tranquilas logo após o período de
resguardo, já outras podem demorar muitos meses para se sentirem ‘mulheres’
novamente.
Mas é preciso ressaltar que
estudos e pesquisas comprovam que alguns relacionamentos chegam ao fim sim, por
conta dessa falta de sexo após o nascimento dos filhos. Nós entendemos que o
sexo não é o ‘tudo’ num relacionamento, mas é uma parcela importante, e se
existir uma conversa entre as partes envolvidas tudo ficará esclarecido e isso
não será um peso nem para a mulher, nem para o parceiro.
O que nós mulheres precisamos
entender de fato é que as mudanças vêm sim durante e, principalmente, após a
gestação. Mas não podemos deixar com que isso interfira, afinal, mesmo achando
que nossos corpos ficam ‘deformados’, que o nosso ‘sagrado materno’ não pode
ser ‘violado’, nós temos um parceiro e uma sexualidade que não podem ser
ignorados. E os parceiros também precisam ajudar nessa questão de aceitação e
trabalharem juntos essa sexualidade.
Para as mães que são solteiras
tudo fica ainda mais complicado, afinal não se têm um parceiro que a ajude
nessa aceitação e o temor ainda é maior, afinal se relacionar com alguém que
não é pai do seu filho é algo que ainda precisa ser trabalhado e muito, pois
dentre tantos os temores, e dificuldades de se enxergar mulher, ainda tem o
‘peso’ de nem sempre o outro aceitar que existe um filho de outro
relacionamento e que a mulher já passou por algumas transformações que, a meu
ver, a deixaram com uma visão de muito e de relacionamento muito diferentes das
que ela tinha antes.
Em suma, a mulher deve entender
que existe uma perfeição sublime no corpo que já não é mais ‘perfeito’ e que
nenhum relacionamento pode ferir isso. Aceitar-se e ser mulher não é errado
após a vinda dos filhos, e jogar essa responsabilidade e culpa de não aceitação
do corpo na maternidade é sim violar e desrespeitar o sagrado materno, como se
ele viesse para interromper um ciclo natural que é o relacionamento intimo
entre o casal.
Ser bem resolvida é conversar com
seu parceiro sobre as dificuldades e trabalharem isso juntos, para que todos
possam ser respeitados dentro do relacionamento. Ser mãe solteira e sentir
vontade de se relacionar com outra pessoa não é errado, e se esse alguém não
tem a maturidade para aceitar essa nova mulher que existe após a maternidade é
de fato alguém com quem você não deve insistir em um relacionamento, pois só
servirá para frustrar os dois.
O corpo da mulher, mesmo com as
transformações vindas depois do parto, é algo perfeito e deve ser respeitado e
desejado como antes, e a mulher deve respeitar-se e ver-se como a mulher
perfeita que é.