sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A sexualidade e a aceitação do corpo após a maternidade

Muito se escuta e se lê nos dias atuais sobre as questões relacionadas à maternidade, seja ao período gestacional, de amamentação ou até mesmo sobre as questões relacionadas às mudanças no corpo da mulher, e é justamente sobre esse último que iremos falar. Não queremos aqui mostrar a mãe, mas sim à mulher que existiu e deve continuar existindo após a vinda dos filhos. Entrevistamos algumas mulheres sobre essa dificuldade da mulher se sentir mulher após a maternidade, e vi que não é um fato isolado. Foi unânime a resposta das mulheres no que diz respeito a terem certo tipo de dificuldade em aceitar sua sexualidade após a vinda dos filhos, e esses motivos vão desde as mudanças corporais, se sentirem envergonhadas por algumas marcas até as questões de sentirem apenas mães e acharem que o fato de se sentir mulher seria algo errado ante ao sagrado ser materno.

Algumas das mulheres entrevistadas sentiram uma certa pressão de seus parceiros, mesmo que de maneira sutil, e isso fez com que elas cedessem porém não se sentiam confortáveis e prontas para isso. Muitas se sentiram pressionadas por si mesmas, afinal, ainda existe o pensamento machista ‘se homem não tiver em casa, ele vai procurar na rua.’ Existe sim um período para que a mulher se sinta a vontade para voltar a vida sexual normal, não só pelas mudanças corporais, mas também pelas mudanças emocionais que acontecem , e isso deve ser respeitado, e considerando a individualidade de cada pessoa, cada mulher tem seu tempo. Umas se sentem tranquilas logo após o período de resguardo, já outras podem demorar muitos meses para se sentirem ‘mulheres’ novamente.
Mas é preciso ressaltar que estudos e pesquisas comprovam que alguns relacionamentos chegam ao fim sim, por conta dessa falta de sexo após o nascimento dos filhos. Nós entendemos que o sexo não é o ‘tudo’ num relacionamento, mas é uma parcela importante, e se existir uma conversa entre as partes envolvidas tudo ficará esclarecido e isso não será um peso nem para a mulher, nem para o parceiro.

O que nós mulheres precisamos entender de fato é que as mudanças vêm sim durante e, principalmente, após a gestação. Mas não podemos deixar com que isso interfira, afinal, mesmo achando que nossos corpos ficam ‘deformados’, que o nosso ‘sagrado materno’ não pode ser ‘violado’, nós temos um parceiro e uma sexualidade que não podem ser ignorados. E os parceiros também precisam ajudar nessa questão de aceitação e trabalharem juntos essa sexualidade.
Para as mães que são solteiras tudo fica ainda mais complicado, afinal não se têm um parceiro que a ajude nessa aceitação e o temor ainda é maior, afinal se relacionar com alguém que não é pai do seu filho é algo que ainda precisa ser trabalhado e muito, pois dentre tantos os temores, e dificuldades de se enxergar mulher, ainda tem o ‘peso’ de nem sempre o outro aceitar que existe um filho de outro relacionamento e que a mulher já passou por algumas transformações que, a meu ver, a deixaram com uma visão de muito e de relacionamento muito diferentes das que ela tinha antes.
Em suma, a mulher deve entender que existe uma perfeição sublime no corpo que já não é mais ‘perfeito’ e que nenhum relacionamento pode ferir isso. Aceitar-se e ser mulher não é errado após a vinda dos filhos, e jogar essa responsabilidade e culpa de não aceitação do corpo na maternidade é sim violar e desrespeitar o sagrado materno, como se ele viesse para interromper um ciclo natural que é o relacionamento intimo entre o casal.

Ser bem resolvida é conversar com seu parceiro sobre as dificuldades e trabalharem isso juntos, para que todos possam ser respeitados dentro do relacionamento. Ser mãe solteira e sentir vontade de se relacionar com outra pessoa não é errado, e se esse alguém não tem a maturidade para aceitar essa nova mulher que existe após a maternidade é de fato alguém com quem você não deve insistir em um relacionamento, pois só servirá para frustrar os dois.


O corpo da mulher, mesmo com as transformações vindas depois do parto, é algo perfeito e deve ser respeitado e desejado como antes, e a mulher deve respeitar-se e ver-se como a mulher perfeita que é.